A milícia cidadã: a Guarda Nacional de 1831 a 1850

custas, uma vez cessadas as hostilidades retornavam à vida civil. A habilidade e a improvisação aliada a uma coragem natural - suficientes quando se tratava de luta pela defesa de liberdades - revelou-se inadequada na estrutura de um Estado organizado em moldes ambiciosos e engajado em campanhas militares de conquista. Nesse momento, dentro de uma estratificação social mais elaborada, os serviços militares se vão limitando a determinadas classes sociais.

Se as milícias se revelaram atuantes na Antiguidade, do período medieval até o início dos Tempos Modernos, elas tomaram, na Europa, um maior desenvolvimento, com a retomada dos ideais de solidariedade e liberdade. Porém, as modificações decorrentes da organização militar feudal vão afetar desfavoravelmente o desenvolvimento das milícias em muitas regiões europeias. Um fator que atuou negativamente dentro desse sistema foi o crescimento urbano, desviando a massa camponesa das lidas guerreiras em vista do processo de maior especialização das funções citadinas e atraindo-as para as cidades. Aventureiros e cavaleiros ambiciosos passaram a monopolizar as atividades militares, estimulados pelo atrativo econômico dos soldos e dos saques, embora a posição dos indivíduos, nas forças armadas, dependesse mais do grupo social de onde provinham, do que de seu esforço pessoal.

A arte militar adquiriu nova dimensão sob os efeitos da grande revolução técnica das armas de fogo, e um treinamento militar mais complexo substituiu as antigas táticas de combates corpo a corpo. As milícias passaram a restringir-se a atividades menos importantes na defesa local, adaptando-se à estrutura militar mais elaborada que então se formava. Já no século XVI, Maquiavel pregou, em Florença, a necessidade de adotarem-se as milícias para substituir as tropas mercenárias, ao mesmo tempo que, na França, se criou a milícia dos "arqueiros livres", e os príncipes germânicos - pela falta de numerário - vão criar em suas províncias unidades de defesa semelhantes às milícias. Da mesma forma a Branka russa inaugurada por Pedro, o Grande, resultou na expansão das milícias locais, enquanto o indelningsverk sueco e o shutterif holandês mantiveram vivas na Europa a velha tradição da milícia(1)Nota do Autor.

O absolutismo do século XVIII estimulará o gosto pela carreira das armas e o profissionalismo militar foi gradualmente se restabelecendo na Europa. A tropa passa a atrair as classes menos estáveis e desfavorecidas economicamente, da mesma forma que regiões subdesenvolvidas e de fronteira passam a fornecer contingentes

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