A Assembleia francesa, ao chamar o Exército para a defesa externa e destinar uma milícia treinada para a defesa interna, de "armed citizens ready to defend their homes and freedom", segundo Walter Millis, tem uma imensa semelhança com o sistema militar que os políticos federalistas americanos estavam tentando criar nos Estados Unidos naquele momento. Assim como, na França revolucionária, uma milícia bem treinada era o palladium of the Constitution, para Washington era o palladium of our security. Nos Estados Unidos, cada homem capaz era obrigado a armar-se, ao passo que, na França, ele era recognized as an active citizen only to the extent that he has procured weapons. A levée en masse tivera a sua correspondência na medida tomada por Washington, dez anos antes, para a formação de um Exército permanente. Para Millis, tais fatos demonstram que, em qualquer tempo de crise nacional, estas ideias são levadas a termo(18)Nota do Autor. Quanto ao Brasil, segundo observação de Justiniano José da Rocha, "não havia exército e a força armada que existia era a cidade inteira, obedecendo temporariamente a chefes de sua escolha"(19)Nota do Autor. Assim como na Inglaterra e Estados Unidos, o espírito das milícias tem sido repetidamente invocado contra as manifestações ameaçadoras da ditadura militar ou autoritarismo centralizados(20)Nota do Autor, no Brasil, a milícia cívica teve, como base, também a reação contra o militarismo e o autoritarismo de Pedro I. "Contra o motim e a insurreição empregou a democracia dois remédios heroicos, o licenciamento do Exército e a criação da guarda cívica."(21)Nota do Autor
As Independências norte-americana e brasileira, dirigidas contra tropas profissionais, certamente não estimulariam as simpatias pelo profissionalismo militar. As classes revolucionárias, em ambos os países, não tiveram o cunho militar e o prestígio e o poder permaneceram com os civis. A ideia de que o poder civil devia sobrepujar o militar era da tradição democrática dos círculos liberais da Inglaterra e da França. A Revolução Francesa introduziu a concepção da superioridade das milícias cidadãs, certamente imunes ao militarismo e ao despotismo. Da mesma forma, foi tradicional a hostilidade e a má vontade das forças regulares militares para com os cidadãos-soldados. Exemplificando essa mentalidade antimilitarista da época, temos:
Os norte-americanos não têm vizinhos, por conseguinte grandes guerras, crises financeiras, destruição e conquista a temer. Não têm necessidade de grandes impostos, nem de Exército numeroso, nem de grandes generais.