Alberto Sales, ideólogo da República

"superiores e dos privilégios delas decorrentes permitirá o triunfo da doutrina verdadeira, do positivismo, que se imporá pela sua verdade mesma, realizando a unidade das crenças"(206). Nota do Autor

Nesse debate intervém Alberto Sales, desde seu primeiro livro publicado em 1882, até o último, em 1901. Para ele, "a intervenção do Estado, em relação ao ensino superior, não deve ser senão indireta. A ciência é uma ideia fundamental, correspondente a uma das esferas da atividade social, e como tal necessita de certas condições que assegurem, não somente a sua completa independência ao lado de outras esferas da atividade humana, mas também a livre expansão de toda a sua energia progressiva. Ao Estado, que tem por fim manter a harmonia de todas as forças progressivas do organismo social, é que compete fornecer essas condições, evitando a indébita intervenção da Igreja na direção do ensino superior e abstendo-se também de qualquer influência que possa prejudicá-lo. A ciência deve permanecer sempre na mais completa independência, girando constantemente em uma esfera distinta da atividade religiosa ou política, e nunca subordinada à influência exclusiva de qualquer outra esfera da atividade social. A liberdade de ensino deve ser um corolário da liberdade de aprender"(207). Nota do Autor

Definindo o ensino público por seu "caráter eminentemente social", dirá mais tarde Alberto Sales: "Para o ensino público tomar assim um caráter social, é preciso, todavia, que ele seja livre ou descentralizado, gratuito ou generalizado, leigo ou absolutamente neutral e integral ou científico e profissional. A liberdade é condição indispensável para o completo desenvolvimento deste ramo do serviço público. O direito de aprender e de ensinar deve ser francamente garantido a todos os cidadãos, podendo não somente as comunas ou municípios e os Estados, como ainda os particulares, pelo regime da associação, fazer concorrência neste terreno aos poderes da federação. A função do Estado já não consiste, como observa Yves Guyzot, em governar, mas em administrar; governar quer dizer dirigir as pessoas; e administrar, imprimir ordem e direção às coisas. A centralização do ensino é um monopólio que o Estado constituiu com grande detrimento da consciência nacional;"

Alberto Sales, ideólogo da República - Página 161 - Thumb Visualização
Formato
Texto