Alberto Sales, ideólogo da República

Conclusões

É chegado o momento de concluir.

A vida e a obra de Alberto Sales, como foi mostrado à saciedade - e até com insistência excessiva - constituem um dos exemplos mais efetivos da chamada ilustração brasileira que, em nosso país, atuou à maneira dos ilustrados do século XVIII, confiante no poder da razão - razão científica, agora - e na possibilidade de reorganizar a fundo a sociedade brasileira à base de princípios racionais.

Contudo, se os "ilustrados" brasileiros aceitaram do Iluminismo setecentista o ponto de vista de que o passado era um conjunto de erros que deveriam ser corrigidos, graças ao espírito positivo que os empolgava, reconheceram, também, que o passado era uma forma necessária na evolução da humanidade, uma vez que entendiam por "evolução", acima de tudo, a aceitação tácita de que o estado consequente é sempre mais valioso que o estado antecedente.

Esse otimismo por assim dizer pragmático explicará o sentido progressista do ideário de Alberto Sales, que se por um lado submeteu-se aos preconceitos cientificistas de seu tempo, inclusive ao "racismo" (que perdurará no pensamento latino-americano até ao último dos "positivistas", José Ingenieros), por outro lado em momento algum se alienou completamente da realidade nacional, propugnando com denodo pelo rompimento da barreira do subdesenvolvimento material e cultural que asfixiava o Brasil do fim do Império e começo da República.

Engajado na missão redentora e transformadora de seu país, sem jamais cair na tentação transfiguradora, a obra de Alberto Sales é fruto de sua consciência social, consciência em que participam (não de forma estática) a sua singularidade psicológica, a circunstância em que dialeticamente se formou, adaptando-se e reagindo em maior ou menor escala, integrada

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