Informa então Oliveira Viana: "Desses centros de idealismo político os mais importantes, por serem justamente os focos de sua elaboração, eram as academias superiores. Fundadas em 1827, nelas se educaram e formaram os representantes dessa geração que sucedeu à da Independência e cuja ação começou a se fazer sentir nos primeiros decênios do II Império. Essa segunda geração teve, porém, por mestres os representantes da geração anterior, educada, como vimos, no espírito da velha Universidade peninsular (Coimbra). Herdou-lhe, portanto, o seu idealismo, que era de tipo utópico e não orgânico". "Daí por diante a tradição estava criada, o costume estava formado: esses centros de cultura nacional tornavam-se os mais legítimos focos dos ideais europeus neste recanto da América", enquanto "São Paulo e Recife, principalmente nos últimos decênios do Império, foram, através das suas academias, centros de uma admirável movimentação intelectual, inteiramente idealista, inteiramente tendente a realizar no Brasil a ideia Nova"(14). Nota do Autor A "ideia nova" era o regime republicano, fruto do idealismo utópico de imaginações exaltadas, "de modo que a administração do governo Provisório, como a Constituição de 1891, foram obras de mera improvisação, em que um pequeno grupo de idealistas, meio diletantes, meio declamadores, se viu de repente, pelo acidente absolutamente inesperado da queda do Império, carregado com a responsabilidade formidável de dar um governo e uma constituição ao Brasil"(15). Nota do Autor Isto porque "o grupo republicano era, com efeito, diminutíssimo: não representava nem um núcleo fortemente solidarizado, nem uma classe prestigiosa da sociedade. Formava-se de elementos esparsos, vindos de todas as classes; afinal, não passava de um bando reduzidíssimo de sonhadores agitando-se, numa atividade intermitente e dispersiva, através a incuriosidade ou indiferença de um país imenso"(16). Nota do Autor
Ao idealismo utópico Oliveira Viana acrescentará, em 1949, o "marginalismo político", pois chegou à convicção de que os homens do escol intelectual do Brasil, "não só os que possuem preparação jurídica, como os que possuem preparação literária e científica - os chamados "homens de pensamentos"