"alienígenas pelo gosto da novidade, sem consonância com o país real" (22). Nota do Autor E acrescenta Francisco Iglesias acertadamente: "Tem-se insistido muito na crítica a essas manifestações, como idealismo, alienação, metequismo, mimetismo: fala-se no desligamento da realidade das correntes sociológicas, que não veriam o existente como é, mas através da ótica europeia e americana, sem possível adaptação; a meditação filosófica seria extremamente abstrata, sem raízes na época e na terra; a ordem jurídica, expressa em constituições, códigos e leis, simples transposições de ordenamento de sociedades evoluídas, com estrutura social e econômica diversa da nossa. Teríamos aí o decantado marginalismo das elites, a alienação do pensamento e da política, fruto do mazombo que tem complexo de inferioridade e imita o modelo que lhe parece perfeito, de saudosismo suspiroso dos centros vistos como adiantados. A observação, ontem como hoje sempre feita, tem algum fundamento. O que não se pode aceitar, porém, é a rotulação de simples marginalismo que se dá a todas essas correntes. Elas têm sua razão de ser; os que as defendem não são homens desligados de sua época e de seu meio, pois muitos deles tiveram noção nítida dos problemas nacionais ou pelo menos os sentiram, mesmo quando apontaram soluções utópicas. Adotando ideologias surgidas em outros centros, viram nelas remédios indicados: elas lhes davam respostas às inquietações, caminhos às dificuldades. Adotando-as não renegavam o país, apenas tentaram enquadrá-lo na cultura da época, fazendo do Brasil centro que nem aqueles de onde as ideologias vieram, algo a ser considerado no mundo"(23). Nota do Autor
Se, por outro lado, as melhores expressões do pensamento e da sensibilidade têm assumido quase sempre, no Brasil, forma literária e, como observa Antônio Cândido, "ao contrário do que sucede noutros países, a literatura é aqui, mais do que a filosofia e as ciências humanas, o fenômeno central da vida do espírito"(24), isto é explicado através de nossa própria história cultural. Nesse sentido, observa Wilson Chagas: "Portugal"