"o tolo preconceito contra as Faculdades de Direito, tão inconsistente e frágil como o de atribuir-se ao "bacharelismo" a responsabilidade por todos os males nacionais, só um estrabismo cultural dessa ordem explica o silêncio reiterado ou a meia compreensão de certos círculos sobre tudo quanto provenha de jurisconsultos como João Mendes Júnior, Pedro Lessa, Clóvis Beviláqua, ou Lafayette Rodrigues Pereira"(28). Nota do Autor A maneira de Pedro Lessa, pergunta Miguel Reale: "Apaguem-se da história do Brasil as obras de nossos bacharéis, e que restará da vida cultural e política do Império e da República? Que restará de nossas letras, de nosso romance, de nossa oratória, de nosso jornalismo, de nossa historiografia, de nossa poesia? Que restará do pensamento filosófico sem os bacharéis que se chamaram Tobias Barreto, Sílvio Romero, Farias Brito, Pedro Lessa, João Mendes Júnior, Jackson de Figueiredo, Clóvis Beviláqua?"(29).Nota do Autor Nem o presente ensaio existiria sem o bacharel Alberto Sales...
Mas a principal virtude do bacharel no evolver do nosso pensamento filosófico, conspicuamente afirmada pela geração de Alberto Sales, resultante do próprio "bacharelismo" em constante antagonismo às posições dogmáticas, encontra-se na sua maneira de aceitar e assimilar as doutrinas especulativas, de modo especial no que diz respeito ao positivismo, pois enquanto os "ortodoxos" (em geral promanados de escolas de matemática ou de medicina) assumiam posições fechadas, os "heterodoxos" (em geral saídos de escolas de Direito) assumiam posições abertas. Contrapunham-se, por assim dizer, espírito positivo e positivismo. A esse propósito ensina Miguel Reale: "Mais do que a expressão específica de uma doutrina - pois nenhuma delas logrou sequer equiparar-se aos modelos europeus reproduzidos, - o que me parece mais importante foi a nova atitude que então se difundiu, condicionando o exame dos problemas nacionais, ou por outras palavras, foi"