A pesquisa histórica no Brasil

II. CONCLUSÃO GERAL

A lição que se aprende destas várias tentativas, cuja história foi aqui ensaiada, é a de que a pesquisa deve ser definida em termos de serviço público, e deve ser planejada, sistematizada e ordenada. O pesquisador ou pesquisadores devem conhecer profundamente o que foi feito, as fontes recolhidas, através das relações, listas e catálogos impressos ou manuscritos. A pesquisa deve ter por finalidade recolher aos depósitos públicos - arquivos e bibliotecas - as fontes para o uso de todo e qualquer estudioso, a publicação dos instrumentos de trabalho para facilidade da consulta e a publicação dos documentos encontrados.

Assim, o nosso esforço mostra, apenas, as tentativas feitas com este espírito. As de Antônio Gonçalves Dias e João Francisco Lisboa revelam a importância que o governo imperial atribuía a trabalhos desta natureza; a de Varnhagen, quase sempre feita para a elaboração de suas Histórias, com exceção das cópias em Portugal e Espanha e dos textos editados, revoluciona, pela massa de dados e fatos, a fisionomia da nossa historiografia; as de Joaquim Caetano da Silva e José Higino Duarte Pereira são também importantes pela amplidão da colheita; a de Ramiz Galvão, de consequências extremamente positivas, incentiva novos exames e promove a feitura de bibliografias e catálogos; a importante colheita de 50 mil documentos realizada pelo visconde do Rio Branco no Paraguai está inventariada;(3) Nota do Autor a de Oliveira Lima, pela lição metodológica, no Instituto Histórico, e pela feitura da Relação dos manuscritos do Museu Britânico, é a primeira que conclui acertadamente elaborando a lista de documentos sobre o Brasil; a de Manuel Cícero conta entre seus resultados positivos o início do grande Inventário dos Documentos do Conselho Ultramarino; a de R. R. Schuller se caracteriza pela delimitação da pesquisa, outro aspecto importante, e pela integridade das cópias, nas quais se pode confiar, ao mesmo passo que nos desperta a atenção sobre a precariedade das cópias anteriores; a de Capistrano de Abreu é assinalada pela publicação de textos importantíssimos; a de Alberto Rangel, pela elaboração do Inventário do Arquivo d'Eu; a de Luís Camilo de Oliveira Neto, pelos índices indicados; e a de Pedro Calmon, pela proposta de organização do inventário dos documentos sobre o Brasil existentes na Torre do Tombo.

Não se pode negar, também em face do trabalho realizado, que houve por parte do governo imperial muito maior incentivo, interesse e ajuda em averiguações do que na fase republicana. Os exames

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