A pesquisa histórica no Brasil

feitos nos arquivos nacionais por Varnhagen, Gonçalves Dias, Machado d'Oliveira, Pereira da Costa(4) Nota do Autor e outros revelaram também o descuido, desmazelo e incúria com que se tratava dos papéis históricos naqueles depósitos. Muitos documentos foram perdidos e outros estragaram-se definitivamente nesta época. Procurou-se mais no estrangeiro do que nos arquivos e bibliotecas estaduais e municipais, abandonando-se a conservação dos papéis já recolhidos pela dotação de verbas insignificantes, tanto nacionais como estaduais. É certo também que o governo imperial, pelo Decreto que reorganizou o Arquivo Público (criado aos 2 de janeiro de 1838 e reorganizado aos 3 de março de 1860), procuraria obter, por intermédio de seus delegados nas províncias, originais ou cópias autênticas dos documentos importantes que existissem tanto nos arquivos das municipalidades como em quaisquer outras repartições ou estabelecimentos, ou mesmo em poder de particulares, para serem convenientemente arquivados. O diretor do Arquivo deveria oficiar aos presidentes das províncias sobre aqueles documentos e solicitar dos chefes de Secretarias de Estado a remessa dos documentos destas, bem como procurar obter, por meio de trocas ou outras providências, originais e cópias autenticadas de papéis relativos ao Brasil existentes em outros países. O fato é que em 1879, de acordo com o art. 16 do regulamento, eram nomeados os agentes auxiliares nas províncias para procurar os documentos, mesmo entre particulares.(5) Nota do Autor Foi uma iniciativa fundamental, infelizmente abandonada.

Vê-se, assim, que o Arquivo Público sentiu desde cedo a necessidade de recolher os documentos esparsos pelas províncias e municípios. Em 1907, o barão de Studart, Rigueira da Costa, Muniz Palma, Luís Gualberto e Alcibíades Furtado eram agentes provinciais do Arquivo Público.(6) Nota do Autor Enquanto o Arquivo Nacional possuía estes pesquisadores oficiais em várias províncias pôde tentar a colheita dos documentos nacionais e a Biblioteca Nacional, com uma subconsignação especial, financiava investigações e estudos em bibliotecas e arquivos estrangeiros. Hoje nem pesquisadores oficiais nem verbas de investigações permitem a colheita de documentos desconhecidos. A Biblioteca Nacional, que em 1874 possuía apenas mil manuscritos,(7) Nota do Autor cresceu extraordinariamente, possuindo hoje cerca de 400 mil peças. Restabelecer, afora o acréscimo das verbas para aquisição, os agentes provinciais, e financiar investigações no estrangeiro parecem-nos medidas indispensáveis.

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