centro das conexões causais; é sempre um nexo efetivo dos mais variados elementos, sociais, políticos, econômicos.
O problema da causa - ou do motivo, mais consciente e portanto mais histórico - dá origem a um grande debate. Croce, por exemplo, insurgiu-se contra a afirmação de Taine de que inicialmente vem "la collection des faits, la recherche des causes".(26) Nota do Autor Para Croce isso significa tratar o fato não como ato do espírito, mas como fato externo e bruto. O fato concretamente pensado não tem causa nem fim fora de si, mas somente em si mesmo, coincidente com sua real qualidade ou com sua realidade qualitativa.(27) Nota do Autor O que Croce sustenta, tal como Collingwood e todos os filósofos idealistas da história, é que somente a ação que foi revivida pelo historiador pode ser denominada de fato histórico.
Para exemplificar, quando Collingwood escreve que para a história o objeto a ser descoberto não é o mero evento, mas o pensamento nele expresso, ele quer dizer que o historiador quando pergunta "Por que Brutus apunhalou César?", ele pretende saber o que Brutus pensava quando se decidiu a apunhalar César.(28) Nota do Autor Re-representar o que aconteceu no seu próprio pensamento é ver porque aconteceu.
No fundo, Croce, como Collingwood, tentam escapar da cadeia de relações entre causas e efeitos, pois para ambos isto significaria inaugurar uma infinita regressão até a causa primeira. O argumento seria especioso, pois a relação causa-efeito, ou motivo-efeito não estaria fora do escopo da história.
Para Croce, o pensamento pensa e constrói o fato, isto é, o fato não existe fora da razão; para ele, ainda, a coleção de fatos e a pesquisa das causas não são atos descontínuos do pensamento, mas simultâneos. Os fatos não seriam, assim, independentes, mas nem por isso não estariam ligados pelo nexo das motivações, a que já nos temos referido, e foi posto em destaque por Dilthey.
A inter-relação processual entre os fatos não pode levar-nos a pensar que não haja diferença entre afirmar um fato e compreender a sua causação. A sugestão idealista atinge em Croce seu ponto extremo, ao imaginar o fato criado subjetivamente pelo espírito. Se é absurdo supor que para o historiador descrever o que realmente aconteceu ele deve ver o fato ou participar da ação, é igualmente absurdo supor que o fato só exista ou seja criado no pensamento do autor. Ele recria, mas o fato existiu, ele não pode desviar-se dele, ou chocar-se contra ele.
O valor de um trabalho histórico original consiste principalmente em trazer à luz as conexões entre fatos históricos bem estabelecidos,