acontecimento histórico?(22) Nota do Autor O centro de gravidade da história, acrescenta Meyer, acha-se nos sucessos concretos, enquanto os fatores gerais da vida humana não são mais que premissas e não objetos do conhecimento histórico. O geral, a regra, as condições dadas, têm uma grande importância em toda a vida humana e também, portanto, na história; por si, porém, não é nunca histórico; converte-se em histórico quando passa a formar parte de um sucesso concreto e ganha, deste modo, uma forma individual (singular), entrando num plano de interdependência e conflito com os demais fatores da vida histórica, que são os propriamente individuais. Todo o processo de desenvolvimento histórico decorre nesses conflitos, nesses vínculos de interdependência. O geral não é nunca mais que a premissa e suas consequências são essencialmente negativas ou, para dizer com maior precisão, restritivas: estabelecem os limites dentro dos quais se encerram as infinitas possibilidades das formas históricas concretas. Dos fatores superiores, individuais, da vida histórica depende qual dessas possibilidades chega a ser realidade, isto é, se converte em fato histórico.(23) Nota do Autor
A teoria de Meyer, da eficácia como caracterizadora do fato histórico, em oposição à teoria do valor de Rickert, levou este a responder que a eficácia histórica não se podia confundir com a mera eficácia em geral, indiferente ao valor. A eficácia, por si só, nunca nos podia dar o critério para discernir o que é historicamente essencial. Eficaz historicamente é só o sucesso que produz efeitos importantes, o que não significa senão o que já dissera, isto é, que o valor cultural é sempre o que dá o modelo para a seleção do historicamente essencial.(24) Nota do Autor
A noção do fato, evento, acontecimento, feito, tão carregada de equívocos, especialmente para o historiador despreparado metodológica e filosoficamente, ganha, aos poucos, nas tentativas de definição, contornos e limites mais precisos. Escreveu Roger Mehl,(25) Nota do Autor influenciado por Rickert e H. Bergson, que não se deve atribuir ao fato histórico outra especificidade que a sua singularidade temporal... O que produz o instante T (tempo) + I é forçosamente diferente daquilo que produziu o instante T. Não há repetição por causa da irreversibilidade da duração; há, ao contrário, novidade incessante. A filosofia bergsoniana do tempo ajuda a distinguir a durabilidade dos efeitos; o fato histórico é breve nos seus reflexos e nas suas repercussões. E mais, o fato histórico é aquele que está no