poderio da Espanha. No ano de 1600, nem uma polegada sequer de território colonial havia sido arrebatada ao domínio da Espanha e de Portugal, que formava em torno do Globo um cinturão intato, desde Macau, na China, até Callao, no Peru. Não foram os corsários e flibusteiros da Rainha Virgem que solaparam os verdadeiros alicerces da expansão colonial da Inglaterra, mas sim os puritanos descontentes que começaram a afluir às terras ultramarinas do reino do seu sucessor, aquele escocês abjeto, the minion-kissing King, como foi chamado com muita razão, e quiçá descaridosamente, o rei Jaime I e VI. A colonização da Nova Inglaterra foi, sem dúvida, facilitada pela preocupação da Espanha com a ameaça contida na expansão do domínio colonial da Holanda durante as primeiras décadas de seu século áureo. Em 1604 cessara a Inglaterra a luta contra a Espanha; mas a Holanda prosseguiu na sua com recrescente energia, destruindo em 1606 uma poderosa esquadra portuguesa ao largo de Malaca e, em 1609, uma espanhola, em frente de Gibraltar. Nem a trégua assinada em 1609 conseguira deter a agressividade e a expansão dos holandeses no mundo tropical. O maior tropeço nas negociações que precederam a dita trégua foi a insistência da Holanda no tocante aos direitos que lhe cabiam no comércio com as Índias orientais e as Antilhas. Essa dificuldade foi finalmente vencida pelo disposto na quarta cláusula do tratado, a qual, deixando a Holanda com as mãos relativamente livres nas Índias, implicava caberem mais estritamente aos espanhóis a América e as Antilhas(1). Nota do Autor