Os holandeses no Brasil; 1624-1654

suas teorias. Não fornecia essa colônia portuguesa metais preciosos; mas produzia, com abundância, açúcar, algodão, pau-brasil etc. Esses artigos, negociados e vendidos em Portugal, bastavam quase por si sós para sustentar o reino, o qual, convém lembrá-lo, de 1580 a 1640, formava com a Espanha uma dupla monarquia. Conforme os seus cálculos, só o açúcar brasileiro lhe proporcionava um lucro anual mínimo de 4.800.000 florins.

Não advogava necessariamente Usselincx a tomada das colônias aos portugueses e espanhóis; mas concitava os Estados Gerais a insistirem junto à coroa da Espanha para que, enquanto durasse a trégua, permitisse o comércio e os estabelecimentos dos holandeses na América, particularmente em lugares como a Guiana (chamada então "Costa Selvagem"), e na região ao sul do Rio da Prata, não ainda efetivamente ocupada, quer pelos espanhóis, quer pelos portugueses. Imaginava ele que, à custa do temor, ou graças a um jeitoso tratamento, deveriam os ameríndios voltar-se para o lado dos holandeses, tanto mais quanto muitos deles se sentiam desassossegados sob o jugo dos espanhóis, e outros não tinham ainda a estes se submetido. Através do contato com os colonos holandeses, iriam os ameríndios sentindo também a necessidade dos artigos europeus, e concorrendo assim para o incremento do comércio colonial com os Países-Baixos. Pensava Usselincx que os próprios crioulos espanhóis e os mestiços haveriam de ficar contentes de comerciar com os hereges recém-vindos, uma vez que tinham mais a América como pátria do que a península ibérica. Argumentava que a Holanda poderia melhor supri-los de artigos importados, e por preços muito mais baixos do que os negociantes espanhóis e portugueses.

Como todos os seus contemporâneos, Usselincx encarava as colônias, antes de tudo, como fornecedoras de materiais em bruto para a mãe-pátria, e como mercados

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