Os holandeses no Brasil; 1624-1654

de exportação exclusivos para os produtos e manufaturas desta última. Por isso, era de opinião que nelas não se devia permitir o desenvolvimento de nenhuma indústria, a não ser as essenciais à vida dos habitantes etc. Insistia em que se devia estimular mais a emigração de trabalhadores agrícolas do que a de operários hábeis e artesãos. A Alemanha e os países do Báltico (pensava ele) poderiam fornecer largo contingente de famílias de camponeses cujos baixos salários não lhes permitiam qualquer esperança de melhoria social, ao passo que uns poucos anos de trabalho honesto no solo fértil da América do Sul habilitá-los-iam a ganhar o suficiente para terem uma velhice sossegada. Deixava claro que uma vez que não se ia consentir o desenvolvimento de qualquer indústria nas colônias, nenhum incentivo haveria para que emigrassem da Holanda operários altamente qualificados, com prejuízos assim para o seu poderio econômico.

Embora tivesse vivido alguns anos nos Açores, Usselincx nunca estivera na América, de maneira que subestimava os efeitos do clima tropical sobre os trabalhadores agrícolas nascidos na Europa. Argumentava engenhosamente que muitos trabalhos pesados (tais como a moagem da cana nos engenhos) poderiam ser feitos à noite, ou senão ao raiar do dia e durante o crepúsculo, quando o calor do sol não faz sentir muito fortemente os seus efeitos. Finalmente, mostrando-se neste ponto muito avançado para a sua época, encarecia ele as vantagens do trabalho livre sobre o braço escravo. Lastimava o regime da escravidão como antieconômico e desumano, insistindo em que os trabalhadores brancos haveriam de produzir muito mais quando estivessem aclimatados. Supunha também que não faltariam no devido tempo ameríndios voluntários para trabalhar mediante salário, dependendo isso de se acostumarem melhor os nativos com os holandeses.

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