Igrejas de São Paulo. Introdução ao estudo dos templos mais característicos de São Paulo nas suas relações com a crônica da cidade

torêutica, nas artes plásticas religiosas, como ocorreu em Minas Gerais, à base da exploração do ouro e da concentração de melhores valores culturais.

É evidente que esta ausência de base econômica bem alicerçada, melhor desenvolvida, viesse a refletir-se nas construções do planalto. Em suas casas, nas suas igrejas principalmente. Do século XVIII é um retrato nítido da situação. Trata-se de uma carta do morgado de Mateus, de 10 de setembro de 1766, ao conde de Oeyras, em que dava conta da cidade, descrevendo-a em poucas linhas, mostrando os recursos materiais dos paulistas, recursos de construção, que ficavam apenas na terra e na madeira. "Está edificada a Cidade de São Paulo - escrevia o morgado de Mateus - no meyo de huma grande Campina em sitio hum pouco elevado que a descobre toda em roda. O seu terreno he branco e em as ruas planas, largas e direitas e algumas, bem compridas, porém não são calçadas, todas as paredes dos edificios são de terra; os portaes e allizares de páo por ser muito rara a pedra". O morgado de Mateus fez esta última afirmação com impropriedade. A pedra não era rara, ela sempre existiu nas proximidades de São Paulo, no Jaraguá, no caminho de Cutia, nas proximidades do Butantã. O que dificultava tudo era a absoluta ausência de técnicas necessárias para a exploração das pedreiras. Reflexo de uma situação econômica defeituosa que não se exprimia senão em coisas imediatas, de urgente imposição para sua sobrevivência: a venda do açúcar aproveitando-se do mercado consumidor das Gerais e a criação de muares, elementos caracteristicamente móveis, que pouca expressão tiveram em termos de construção. O muar porque era criado à larga, dispensando organização pastoril como se entende hoje e o açúcar por não possuir bases sólidas na sua estrutura. Tanto não possuía que foi logo mais e com uma rapidez incrível, substituído pelo café.

Não se estranhe, por isso, não termos igrejas de pedra que datem dos séculos XVI e XVII e mesmo XVIII, embora em outras regiões do país muitas delas nos venham dessas centúrias. A pobreza do paulista não permitiu o aparecimento

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