o primeiro, crime de grande repercussão no pacato lugarejo dos primeiros anos. É curioso observar que o fato vem registrado nas Atas da Câmara através de uma linguagem que guarda todo o sabor de um quinhentismo estropiado pela rudeza da terra que recebia os primeiros povoadores. Com efeito, em carta ao capitão Jerônimo Leitão, datada de 12 de novembro de 1583, os oficiais da Câmara comunicavam que "vosa merce sera sabedor como p° dias ho coxo matou qua hum frade a punhalada e o tem a justiça preso"(10) Nota do Autor. Não deixa de ser interessante notar-se que Jaboatão fala num soldado e o registro da Câmara refere-se a "ho coxo". De certa forma revela o caráter do militar, que deveria ser um ressentido por decorrência do seu aleijão, um homem de maus bofes que não pôde tolerar o pedido do frade humilde. Frei Diogo era um santo homem, foi sepultado com muitas lágrimas, e mesmo depois de morto continuou a obrar favores, pois não foram poucos os milagres a ele atribuídos.
A igreja de Nossa Senhora da Luz foi edificada no Guaré, ou Luz, em anos anteriores a 1603. Outras provas circunstanciais podem ser enumeradas aqui para demonstrar essa asserção. Em data de 29 de outubro de 1599 foi registrada uma carta de doação de terras a Domingos Pires, na qual se limitava a concessão "do ribeiro por nome Anhangobai pelo caminho que vae para Nossa Senhora da Luz em Guarepe"(11) Nota do Autor; a de Henrique Cunha, de 1598, "do ribeiro por nome Anhangobai pelo caminho que vae para Nossa Senhora da Luz em Guarepe"(12) Nota do Autor; a de João Gago, na mesma data e a de Manuel Godinho, também com a mesma data. Nossa Senhora da Luz, pelo seu templo, já servia, portanto, de referência para demarcação de terras no Guaré em anos anteriores a 1603, quando a Câmara dava grandes concessões com o objetivo de fazer os povoadores criar raízes na terra semivirgem.
De 1603, isso sim, de 10 de abril, é a escritura de doação de patrimônio. "O dito Domingos Luiz e sua mulher Anna