a euforia do estado de festa que caracterizava essas cerimônias, externamente. Pois ele mesmo se encarrega de dizer mais que tudo era colorido, havia vendedoras de doces e confeitos nas portas das igrejas, de guloseimas, de refrescos. Daí a impressão de ar profano que teria ressaltado ao espírito do observador francês. Saint-Hilaire ocupou muitas páginas de seus dois livros para falar de igrejas, umas desaparecidas no século XX e mesmo XIX, outras ainda aí, reformadas, aumentadas, glorificadas em pedra, em granito. Beier assinalou-as. Saint-Adolphe destacou os templos na paisagem urbana paulistana. O que seriam essas construções singelas, dá-nos notícia Tomas Ender, quando esteve em São Paulo em 1817. O ilustre visitante austríaco, cujo manuscrito serviu de fundamento a belo estudo de J. F. de Almeida Prado, deixou-nos magníficas aquarelas e desenhos de aspectos da cidade de São Paulo dessa época. Assim é que podemos ver o aspecto das igrejas de São Miguel, da Penha, de São Bento, do Carmo e de São Francisco, dando a medida da pobreza da cidade, igrejas humildes, bem de acordo, aliás, com a "insignificância da arquitetura da cidade"(11) Nota do Autor. Tocantes são os desenhos de Tomas Ender, onde as igrejas avultam sobre um casario mais do que modesto de São Paulo da época.
O que é interessante nas igrejas de São Paulo é que elas não valem pelo seu conjunto arquitetônico, geralmente medíocres, pesadas, inestéticas, sem a beleza e o requinte, por exemplo, das igrejas baianas, dos famosos templos mineiros, que parecem caracterizar estágios de civilização mais definidos e realizados. Em São Paulo a evolução se caracterizou sempre pelo tumulto de forças muitas vezes antagônicas, mas harmonizadas pela marcha inexorável do progresso. O tumultuoso desenvolvimento da cidade, desde o século XVI, que apresentou característicos estacionários do fim do século XVII ao princípio da segunda metade do século XVIII, contribuiu para dar às suas igrejas esse ar de provisório que existe em suas fachadas, esse ar de transitório. Fenômeno que já não vamos observar nos templos do século XX que, embora ainda