XVII. Domingos Luís, por alguns anos, foi o mordomo da pequenina igreja. É o que se deduz dos fragmentos do inventário de Francisco Teixeira, aliás uma dedução sem mérito nenhum, pois o recibo salvo da fome das traças e umidade é muito claro a respeito e diz o seguinte: "Eu Domingos Luiz recebi um cruzado que meu genro Antonio Teixeira deixou de esmola em seu testamento á ermida de Nossa Senhora da Luz como mordomo que sou da dita ermida e roguei ao padre Gaspar Sanches que esta fizesse por mim hoje quinze de novembro de 605"(17) Nota do Autor. Percebe-se, portanto, a continuidade da fé de Domingos Luís na santa de sua devoção, o cuidado que dispensou, até o instante de sua morte, à igreja de Nossa Senhora da Luz do Guaré.
Azevedo Marques fala em decadência da igreja. Parece que a documentação recolhida nos Inventários e Testamentos do século XVII de certa forma desmente essa situação, pois não devem ter sido poucos os ermitões da Luz, homens que se encarregavam, por fé, ou por determinação dos responsáveis pelo cumprimento da doação de Domingos Luís e sua mulher, dos cuidados da igreja. Assim, depois do filho do fundador, Antônio Lourenço, o primeiro ermitão da Luz é Manuel de Atouguia. O testamento de Isabel Soares, de 1629, dispõe que "se dê ao ermitão de Guarepe uma esmola em panno de algodão"(18) Nota do Autor, o que foi religiosamente cumprido, pois mais adiante vamos encontrar o seguinte recibo: "Digo eu Manuel de Atouguia ermitão que sou de Nossa Senhora de Guaré que recebi do senhor Gabriel Pinheiro Costa duas patacas em dinheiro que me deu de uma esmola que sua mulher Izabel Soares que Deus tem deixou em testamento me déssem em panno e elle como testamenteiro m'as deu e por verdade lhe dei esta quitação para sua guarda hoje 10 de julho de seiscentos e trinta e um annos"(19) Nota do Autor. A devoção de Nossa Senhora da Luz era muito grande. Nesse mesmo ano de 1631, Messia Bicudo dispunha em seu testamento que "tenho prometido