Rio Branco (o Barão do Rio Branco). Biografia pessoal e história política

e falando em vosso nome, disse ontem que ides daqui sair mais americanos do que viestes. Tão grande é o nosso anelo de que esse seja o sentimento geral, que nos atrevemos a interpretar a frase do nosso hóspede ilustre como exprimindo a vossa convicção definitiva de que o patriotismo brasileiro nada tem de agressivo, de que, mais ainda por atos do que por palavras, fiéis às tradições da nossa política exterior, trabalhamos sempre por estreitar as nossas boas relações com as nações do nosso continente e particularmente com as que nos são mais vizinhas. A opinião popular transvia-se muitas vezes. Não raro, um vento de insânia, despertando instintos bárbaros, açoita e abala os povos, mesmo os mais cultos e cordatos. O dever do estadista, e de todos os homens de verdadeiro senso político, é combater as propagandas de ódios e rivalidades internacionais.

Nem população densa, nem dureza de vida material podem tornar o Brasil suspeito aos povos que ocupam este nosso continente da América. Repúblicas limítrofes, a todas as nações americanas só desejamos paz, iniciativas inteligentes e trabalhos fecundos para que, prosperando e engrandecendo-se, nos sirvam de exemplo e estímulo a nossa atividade pacífica, como a nossa grande c gloriosa irmã do Norte, promotora destas úteis Conferências. Aos países da Europa, a que sempre nos ligaram e hão de ligar tantos laços morais e tantos interesses econômicos, só desejamos continuar a oferecer as mesmas garantias que lhes tem dado até hoje o nosso constante amor à ordem e ao progresso.

Levareis, Srs. Delegados, aos vossos Governos, à vossa pátria, estas declarações que são a expressão sincera dos sentimentos do Governo e do Povo Brasileiro. Possam elas servir para apagar desconfianças mal nascidas e ressentimentos infundados se ainda os há, e tragam-nos em troca o bafejo sempre crescente da amizade de todos os povos americanos, amizade que cultivamos com carinho e nunca cessaremos de cultivar."

Carta a Joaquim Nabuco

"30 de agosto de 1906.

Meu caro Nabuco.

Escrevo-lhe do Jornal do Commercio. Aí vai um telegrama de Buenos Aires.

Mande-me elementos para o desmentido, mas sem perda de tempo, porque não posso demorar-me aqui. Segundo a minha lembrança, foi em um almôço na Legação do Chile, creio que em novembro (você poderá precisar a data) que se tratou amigavelmente da convocação da terceira conferência e da sua sede, propondo Walquer Martinez o Rio de Janeiro. A ideia foi bem acolhida pelos presentes e ficaram todos de pedirem instruções aos seus Governos.

Você telegrafou-me perguntando se o Governo brasileiro aceitaria o convite e se, escolhido o Rio de Janeiro, poderíamos estar prontos em julho para recebermos as Delegações estrangeiras. Respondi que

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