Nota explicativa
SURPREENDEU-ME um certo portador, faz três anos, ao trazer-me um convite do Sr. Oswaldo Aranha, ministro das Relações Exteriores, para que eu escrevesse um livro sobre a vida e a obra do Barão do Rio-Branco. Dias depois recebia do Embaixador Maurício Nabuco, secretário-geral do Ministério, a comunicação de que com ele deveria entender-me, oficialmente, a respeito do assunto.
A princípio só vi a honra, a distinção, a confiança que me vinham, generosamente, com este convite do Ministério das Relações Exteriores. E foi isto - juntamente com o desejo de estudar uma figura de tamanha significação nacional como a do Barão do Rio-Branco - que me levou a aceitar a incumbência. Só apresentei uma condição: a obra não teria caráter oficial, ao autor seria dada completa autonomia de trabalho e pensamento.
Dois motivos me levaram a esta condição: em primeiro lugar, eu não me sentia com bastante gosto e disposição para escrever, como obra oficial do Itamarati, a biografia da figura principal do Itamarati, pelo que isto representaria de responsabilidade à margem dos meus poderes ou pendores de escritor independente; em segundo lugar, eu desejava resguardar a liberdade de crítica, de ideias ou interpretações, que não seria possível, em todos os sentidos, numa obra oficial, em que não apareceria apenas o meu nome como responsável literário, pelo tom impessoal que deveria imprimir ao trabalho.
Tão só depois, no decorrer dos estudos, verifiquei as dificuldades extraordinárias de uma obra dessa espécie. Não só