CAPÍTULO 1
OS PROBLEMAS DA HISTÓRIA E AS TAREFAS DO HISTORIADOR
Deus não é dos mortos, mas dos vivos, porque, para ele, todos são vivos. A história também não é dos mortos, mas dos vivos, pois ela é a realidade presente, obrigatória para a consciência, frutífera para a experiência. A vida e a realidade são história, gerando passado e futuro. Assim, todo o movimento da consciência, toda a pulsação vital do espírito é história, no duplo sentido de res gestae e historia res gestae, segundo a lição de Croce. Por isso a historiografia está sempre na dependência da história.
É pela conexão íntima entre o passado e o presente que a História possui incessantemente o mundo e age sobre a vida, como a vida age sobre a História. Assim, para a História todos são vivos, os que criaram a vida e persistem com sua influência, e os que estão criando a vida, gerando o futuro. O historiador, lembra Oliveira França, lida com defuntos não para conhecer a morte, o passado, mas para conhecer a vida; é nela que ele pensa; é o mistério da vida que ele persegue(1). Nota do Autor Este é o dinamismo da vida e a oposição entre o instante e o eterno, o presente e a história, a unidade do passado e do presente.
A realidade histórica que o historiador tem por missão compreender existe, disse W. von Humboldt, na escala do