Teoria da História do Brasil. Introdução metodológica - T2

as inquietações econômico-sociais, morais, intelectuais e religiosas do presente. O texto é sempre examinado de acordo com os interesses do presente e por isso a história é reescrita, e não só por causa da descoberta de novos documentos, como temos acentuado no decorrer deste livro.

A história não pode ser só um par de documentos, como a felicidade não é um par de botas. As respostas às perguntas do presente, motivo de eterna reelaboração da história, mostram-nos as ligações das tendências ideais passadas com as que vão ser criadas pelo presente. É um impulso interior do presente, obrigatório para a consciência, frutífero para a experiência.

Daí a importância do texto, com todas as suas inimagináveis virtualidades e potencialidades. O texto, a fonte, o documento pode mudar sua substância, pode dizer novas verdades, pode sugerir novas respostas, pode degradar-se, caso a pergunta formulada por novos problemas valorize este ou aquele aspecto, este ou aquele documento, em prejuízo deste outro. O historiador é, portanto, um intermediário inteligente entre a fonte e o presente.

É porque a história deve ser reescrita de novo, em face de cada momento cultural, de cada novo ideal, de cada novo princípio, que se deve exaltar a excelência do texto sempre pronto a ser de novo interrogado, pesquisado e examinado. A historiografia pode provar a falsidade ou verdade dos fatos, mas nunca das opiniões e teorias. É a própria história atual, a prática contemporânea que as derruba ou eleva. É por isso também que, tendo merecido tão amplo e cuidadoso tratamento, se atingiu ao apuro do método histórico nele concentrado para sua busca e crítica. Deste modo, o quadro histórico é sempre resultado sintético do espírito presente.

É inegável que na consciência das épocas existem mudanças de esquemas apriorísticos com os quais a história é reescrita. E daí, como consequência lógica, o conceito da relatividade histórica, da temporalidade do seu conhecimento e da formulação do historicismo, a que já nos referimos num dos capítulos.

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