CAPÍTULO I
APRESENTAÇÃO DO CANDOMBLÉ
Ao longo de todo o litoral atlântico, desde as florestas da Amazônia até a própria fronteira do Uruguai, é possível descobrir, no Brasil, sobrevivências religiosas africanas. Mas a Bahia, com seus candomblés(1) Nota do Autor em que, nas noites mornas dos trópicos, as filhas de santo dançam ao martelar surdo dos tambores, permanece a cidade santa por excelência. Os candomblés pertencem a "nações" diversas e perpetuam, portanto, tradições diferentes: angola, congo, gêge (isto é, Ewe), nagô (termo com que os franceses designavam todos os negros de fala iorubá, da Costa dos Escravos), queto (ou Ketu), ijexá (ou ijesha). É possível distinguir estas "nações" umas das outras pela maneira de tocar o tambor (seja com a mão, seja com varetas), pela música, pelo idioma dos cânticos, pelas vestes litúrgicas, algumas vezes pelos nomes das divindades, e enfim por certos traços do ritual. Todavia, a influência dos iorubá domina sem contestação o conjunto das seitas africanas, impondo seus deuses, a estrutura de suas cerimônias e sua metafísica, a daomeanos, a bantos.(2) Nota do Autor É porém evidente que os candomblés