O candomblé da Bahia: rito Nagô

INTRODUÇÃO

Considerado instrumento indispensável para a economia de uma grande propriedade agrícola, o negro africano, enquanto escravo, só interessou ao brasileiro branco como mão de obra. Todavia, no fim do século XIX, extinguia-se o trabalho servil. Urgia, pois, integrar o negro na comunidade nacional e, para tal, era preciso primeiro conhecê-lo. Os primeiros estudos sobre as sobrevivências religiosas africanas, datados de 1896, saíram sob a forma de artigos na Revista Brasileira; eram da pena de um jovem médico baiano, Nina Rodrigues. A partir dessa época e até sua morte, em 1906, dedicou-se inteiramente o grande pesquisador à descrição e análise de tais sobrevivências, publicando também em francês L'Animisme fétichiste des nègres bahians (1900). Depois de sua morte, Homero Pires recolheu os diversos artigos dispersos em numerosas publicações, formando um volume sob o título de Os africanos no Brasil. Ambos os livros se ressentem, sem dúvida, da época em que foram escritos e preconceitos raciais deformam-lhes as melhores páginas. Nina Rodrigues acreditava na inferioridade do negro e em sua incapacidade para se integrar na civilização ocidental. Como médico legista e psiquiatra, não viu mais que simples manifestações de histeria nos transes místicos e nas crises de possessão que caracterizam o culto público dos africanos brasileiros. Por outro lado, sua própria interpretação etnográfica da religião é construída segundo os quadros de referência da ciência de

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