Anchieta

é estacionar. E estacionar é atingir a monotonia, de que nasce o fastio. Eu não compreendo, nem compreenderia nunca, um espírito que procure energias no vácuo. Escrever sem leituras é edificar sobre a areia. E é porque o sr. Celso Vieira não se detém na absorção de conhecimentos, que eu, admirando a beleza da sua obra realizada, adivinho, maravilhado, o esplendor da sua obra futura". Anchieta, com as suas qualidades de obra de crítico e de esteta, confirmou, integralmente, aquela previsão.

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É para fixar esse vulto estranho, e a natureza nova destinada a servir-lhe de moldura, que o escultor grego de Endimião borda a ouro, catolicamente, os 36 capítulos deste seu livro. Foi o sr. Celso Vieira, lembro-me bem, que me pôs em contato, há 18 anos, com Paul de Saint-Victor, lendo-me alto, com entusiasmo e devoção, algumas páginas do III volume de Les deux masques, em que o estilista francês analisa a obra de Shakespeare. O estilo em Anchieta é, sensivelmente, uma irradiação daquelas páginas magistrais, em que se encontra, associados, o que há de mais colorido em Ruskin e de melhor desenhado em Flaubert. Elegante, gracioso, musical, a arte é mantida à grande altura, do primeiro capítulo ao último, preenchendo com a beleza da palavra os lugares em que falha o interesse do assunto. Colorista minucioso, completa o autor com a imaginação as omissões do desenho da História.

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A descrição, que nos dá, do silvícola da época da descoberta, é obra de estatuário a que se associasse um pintor enamorado das cores fortes... É ainda com a

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