Anchieta

e de torno laboravam com a mesma alegria em S. Vicente, em Piratininga, ritmado o esforço pela cadência dos hinos sacros.

Até 1554, ano da sua morte, o apóstolo de S. Vicente(178) Nota do Autor padeceu com resignação a maledicência dos injustos, a mesquinhez dos ingratos. Duas vezes, pecadores advertidos por ele decidiram matá-lo; duas vezes, ajoelhado, o servo de Deus esperou tranquilamente os golpes, que só por milagre o não abateram. Transpondo serranias, o seu valor pôde restituir aos colonos as esposas roubadas pelos tamoios como pôde a sua caridade salvar na ilha dos Patos, a cem léguas de S. Vicente, um bando de náufragos castelhanos, ameaçados pelos carijós. Escolhido para informar o padre-geral sobre as coisas da província, nos meados de 1554, Leonardo Nunes apartou-se do Brasil. Havia chegado a sua hora. Com os destroços da nau perdida no Mar Tenebroso desapareceu o voador, erguendo o crucifixo em uma das mãos, na outra a disciplina, e exalando a alma num brado à misericórdia infinita: Miserere mei Deus.

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Um dos gigantes da Companhia, vergôntea da casa Aspilcueta, nobilíssima estirpe do reino de Navarra, que os genealogistas aparentam com a família de Loiola, fundador da Ordem, e a de Francisco Xavier, apóstolo do Oriente, foi o padre João Aspilcueta Navarro.

Antes de outro qualquer, aprendeu o falar dos índios, vertendo para uso deles orações e diálogos piedosos;

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