tantas açucenas aos pés de Maria ou lhe ergueu a imagem sobre os arrebóis, com a doçura da Ave preclara maris stella, a Alma Redemptoris ou a Salve Regina, os louvores de S. Bernardo e as preces de S. Hildegarda, o hinário de Anselmo, arcebispo de Cantorbery, as estrofes musicais de Adam Saint-Victor ou a Ave Mundi spes, do Papa Inocêncio III. Ele continua o ciclo anônimo da Virgem, renovando metáforas, símbolos, antíteses, a própria composição artificial dos hinos alfabéticos, deleite e requinte de Sedulius.
Como fato literário, a poesia anchietana, consubstanciada em versos elegíacos nesse trabalho, será julgada pelos doutos uma obra considerável de latim místico, emanação do culto da mãe de Deus, sobrevivente ao espírito medieval, conquanto só tenha dele o catolicismo, aspirando à energia e pureza dos clássicos na sua religiosidade.
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Southey, historiador e protestante, que foi também o poeta da escola inglesa do Lago, descobriu-lhe "fulgores de poesia e paixão". Religiosamente, o poema decorre da Bíblia e do Breviário. Esteticamente, do humanismo enraizado no Lácio, renovando em seus hexâmetros e pentâmetros a cadência das Elegias ovidianas. Subjetivamente, dos pendores quase medievais dessa natureza ascético-mística, embora dinâmica no apostolado, para a clausura meditativa e o cilício mortificante, a renúncia e o êxtase, a purificação do mundo interior e o holocausto necessário à conquista da Bem-aventurança.
Anchieta reuniu, metrificando-lhe o tema, as aquisições humanísticas e os preceitos católicos. É como se as flores sacras do Antigo e do Novo Testamento,