por salvação de uma alma, ainda que ficara toda a vida irregular, o dera por bem empregado". (2) Nota do Autor
Além desse caso herético, que trasladamos do liv. II, cap. V, Pero Roiz particulariza outro, o de João de Bolés, no liv. I, cap. VI. Nada relaciona as duas inscrições marginais: uma — O que passou com hum herege q. enforcaram; outra, que é talvez posterior e apócrifa — João de Bolles caluenista. Nada aproxima os dois episódios e as duas efígies no espaço e no tempo. Mas o jesuíta Sebastião Beretário, autor de uma Vida do Padre Anchieta, escrita em latim e publicada em 1617, vinculou as duas passagens independentes, refundiu numa só as duas pessoas distintas. Foi secundado no erro, inadvertidamente, pelo tradutor espanhol, Paternina, e por vários escribas da Companhia de Jesus, em vários idiomas. Confundiram todos eles o herege de Guanabara, anônimo, com o famoso aventureiro, cujo perfil traçamos no cap. III do liv. II desta obra — A Escola de Piratininga.
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Com o erro de identidade, porém, coexistem outros ainda mais deploráveis sobre o fato e as circunstâncias. Em 1567, conforme a inexata versão de Beretário e Paternina, generalizada pelos seus repetidores, Bolés teria sido enviado ao governador Mem de Sá por d. Pedro Leitão, bispo da Bahia, a fim de sofrer no Rio a pena capital, imposta por efeito de velhos ou novos crimes. Herege de tantas letras reclamava um sacerdote letrado, que o iluminasse, o convertesse. Não podendo eximir-se a outras ocupações, nesse momento, o padre Inácio de Azevedo, notável como latinista e como teólogo, foi chamado de S. Vicente o padre Anchieta,