Anchieta

que afinal persuadira Bolés à conversão. Mas no lugar do suplício, à hora última, o verdugo, pouco destro, fazia sofrer duplamente o condenado, prestes a blasfemar. Vendo em risco a salvação dessa alma Joseph de Anchieta não só repreendera o algoz, como também o instruíra no seu ofício. Assim o escreveu Beretário: "castigatum carnificem monet ratione expedite illo numere de fungeretur". Assim o traduziu Paternina : "...le industrió para que hiciese prestamente su oficio."

Do texto latino ou do texto espanhol, reproduzido pelos demais escritores católicos, o erro passou, então, a circular impunemente na língua portuguesa. Fr. Vicente do Salvador conta que Anchieta "...repreendeu o algoz, e o industriou para que fizesse com presteza o seu ofício". (3) Nota do Autor Simão de Vasconcelos acentua: "...entrou em zelo, repreendeu o algoz, e instruiu-o ele mesmo de como havia de fazer seu ofício com a brevidade desejada"(4) Nota do Autor Antônio Franco repete a linguagem do cronista da Ordem: "Entrando o padre em zelo, repreendeu ao algoz, e o instruiu no seu ofício, para que a morte se apressasse"(5) Nota do Autor.

No campo inimigo, acesa a polêmica em torno do centenário da morte de Anchieta, em 1897, pretendeu-se apoucar-lhe a figura, obscurecer-lhe a memória, sob a densa névoa de uma incompreensão original. Houve quem o denominasse mestre do algoz, substituindo João de Bolés pelo calvinista André de Balleur

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