Carlos III. O duque de Chatelet pintou-o "devoto até o fanatismo, silencioso e sombrio". O povo, sem lhe querer mal, apelidava-o de "Capacidonio": porque, a recomendar protegidos, empregava sempre os mesmos elogios, "capaz e idoneo..."
D. Maria, entretanto, conservava na aflita piedade uma soberba natural, nas suas torturas íntimas a irradiante majestade que inspirava, na mocidade e na velhice, no trono ou, louca de vez, pelas galerias desertas de Queluz, um respeito impressionante. Não era formosa. Era tão pouco mulher que ninguém se lembraria de reparar-lhe a regularidade das feições, a alta fronte austríaca, "uns olhos perspicazes, mas meigos e cheios de bondade", o forte nariz bourbonico, o lindo colo parecido com o de Barbara de Bragança na tela de Duprat, as mãos idealmente alvas, apanágio da raça, mãos níveas como as de Maria Tereza, filha de Felipe V, do quadro de Houasse, ou as de Mariana Vitoria, do retrato de Largillière... Horace Walpole - "arbiter elegantiarum" - notou-lhe a "gentil majestade do porte, a nobre expressão bondosa, e ao mesmo tempo imperativa, da fisionomia"(3) Nota do Autor - "plein de talens et de douceur", segundo