O rei do Brasil: vida de D. João VI

filosofia cética, impregnada de ironia, descrença e pecado. Pombal engordara e encanecera: pois no sarcasmo, que lhe dava ao rosto grave um ar famoso de malícia e desdém, já se desenhava a fisionomia do Anticristo... D. Maria decidiu-se. Foi um momento Princesa Real. Correu ao gabinete do pai. Prostrou-se aos pés de D. José I, estupefato: "expõe-lhe, com a submissão de filha e de vassala, mas a energia da razão e da virtude, seus sagrados direitos..."(9) Nota do Autor O rei já não tinha saúde para suportar emoções daquelas. Abateu, comovido, numa cadeira, tomou-a nos braços, protestou, que não pensara em privá-la dos seus direitos, que jamais assinaria semelhante decreto... Vencera D. Mariana, sem aparecer; Pombal, indignado, deportou para Angola José de Seabra, e, pela primeira vez, sentiu próximo o seu fim. Reinaria a beata. O reinado "francês", ameaçando a nação ("qui prétendait l'éclairer en dépit d'elle-même", na frase de Benjamin Constant)(10) Nota do Autor este não seria, como o do Messias, do mundo presente...

Ninguém cogitava ali do infante D. João. A avó, espiando o marquês, o rei, a política espanhola, não tinha tempo para isso - nem a mãe, com os seus exercícios espirituais de Santo Inácio, nem o pai, silencioso, gastrônomo, amando, com o

O rei do Brasil: vida de D. João VI - Página 20 - Thumb Visualização
Formato
Texto