maior amor de que era capaz a sua natureza desalentada, a quinta de Queluz, o seu parque, o palácio novo, joia de arquitetura, graça e sossego. Os cortesãos que fugiam a Pombal faziam a roda do príncipe D. José. Uma roda pedante de tradutores de Voltaire, de apologistas do imperador da Áustria José II - com quem começava a corresponder-se o primogênito de D. Maria - e de Frederico da Prússia, rapazes que caluniavam o clero, o confessor da princesa, o papa, e achavam Portugal uma Tebaida ou um monturo. D. João foi entregue aos cuidados dos frades, para lhe ensinarem letras e música. Mais música do que letras.
A mania dos serenins, dos concertos, das Missas da capela real que eram mais luxuosas que as do Vaticano - divertia e preocupava a corte. Mania envolvente, estendia-se da Ajuda e de Mafra a todos os palácios do reino - vinda de Viena, com o ilustre Scarlatti, e de Espanha, onde o tenor Farinelli - comparado pelos padres a David aquietando Saul - apaziguara com os seus gorjeios o humor nostálgico de Felipe V e Fernando VI. O músico Egipcielli ganhava do erário português o ordenado imenso de 30 mil cruzados. Os cantores Cafarelli, Veroli, Guadagni, recebiam por dous meses dez e doze contos(11) Nota do Autor e a um, que executara maravilhosamente uma "cantata" de Jomelli,