músicos, a começar pelo magnífico duque de Lafões, que Burrey e Gluck reputaram árbitro de arte(14). Nota do Autor A suprema elegância consistia em empunhar a batuta no coro da igreja, governando um batalhão de violinos como se fora a uma tropa mecânica, um príncipe de sangue, que descia as escadas do templo aplaudido como um maestro, para subir tropegamente as do trono, com as pernas bambas, hereditariamente fracas, dos Braganças.
Nos primeiros anos, realmente, foi o pequeno D. João - no relato do duque de Chatelet - "d'une jolie figure; mais tous les hommes de la maison de Bragance ont une maladie hereditaire, dont le principal symptome est une enflure aux jambes". El-rei D. José sofrera desse mal e Pedro III escusava-se com ele da sua inércia epicurista. Por isso os príncipes portugueses perderam o gosto das cavalarias, tão amadas dos antepassados, e, com os hábitos sedentários, pareciam desprezar o exército, as paradas, os exercícios militares, que qualificavam - embevecidos com o canto de Egipcielli e a ópera de Goldoni - de bárbaros costumes dos primos da Alemanha. D. João só montou a cavalo até os 38 anos, quando os achaques o fizeram abandonar os passeios matutinos e o prazer da caça nas coutadas reais - segundo os conselhos de Luiz XIV, que os receitara contra a hipocondria