O rei do Brasil: vida de D. João VI

aflita de terrores religiosos(18). Nota do Autor No íntimo, irresoluto, casto, desinteressado, relegando à irrequietude de Maria Luiza os negócios graves, o pai de Carlota Joaquina não herdou à filha senão qualidades acidentais, com a sua epilepsia, a mania venatória, o nariz bourbonico. No mais, a rapariga saiu à mãe parmense. Orgulhava-se disso. Foi a pergunta que fez a Laura Junot, no dia da apresentação da embaixatriz: se se parecia com a rainha de Espanha... Era Maria Luiza filha de Felipe, duque de Parma, segundo filho de Felipe V e Isabel Farnese, e de Luiza Isabel de França, a primogênita de Luiz XV: portanto, prima carnal do marido, cujos pais eram igualmente consanguíneos - uma herpética, a quem a bravia Farnese chamara la tiñosa, semelhante, na sua educação original, àquela terrível mademoiselle de Montpensier que horrorizara Madrid com as maneiras dissolutas - e o filho de um louco e de uma brilhante princesa. Casara-se, aos quatorze anos, com o príncipe das Astúrias, que fizera dezessete. Conservava, da família italiana, uns formosos olhos, umas admiráveis mãos pálidas, e tão belos traços que Carlos IV os gabava muito, razão porque, com o ciúme peculiar à raça, exigira na corte que as damas trouxessem luvas altas, pudicas luvas que realçassem aqueles dotes naturais da princesa, a única, sem excetuar a embaixatriz francesa Laura Junot, que podia mostrá-los...

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