O rei do Brasil: vida de D. João VI

corria a lenda de que o imperador, simulando doença e morte, fora ressurgir na Sibéria com as barbas bíblicas do Staretz Kusmitch... Sábio homem!

A ideia, de que o espiavam assassinos, perseguia-o. Exagerava cuidados com o alimento, os lacaios, a guarda de archeiros. Temia que o envenenassem. Desde 1802 se supusera em perigo de vida. Confiava sobretudo numa velha preta que levara do Rio, e era a criada predileta. As suas afeições restringiram-se. Depois da escaramuça miguelista, da fuga para a "Windsor Castle", não recobrara mais a invejável placidez d'alma que o fizera o mais equilibrado e sereno, entre os homens que tinham às costas o peso da pátria.

Foi em julho de 1825, que lhe apareceram "borbulhas nas pernas"(119). Nota do Autor As suas velhas fístulas não o largaram mais. Em 2 de março, vomitou bílis. O médico Vieira receitou poções e repouso. Preferiu sair, no dia seguinte, de carruagem, a respirar os ares salitrosos de Belém, ao longo do rio, olhando através das vidraças as quilhas das naus da Índia que tinham conduzido a todas as águas o seu pavilhão. O passeio sossegou-o a ponto de levantar-se, no dia 4, com grande apetite de frangos e laranjas. As laranjas fizeram-lhe mal. Boquejou-se que as frutas continham peçonha. "Os desmaios, vágados e estertores que se

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