O rei do Brasil: vida de D. João VI

necessidade de agradar, numa elaboração lenta da virago, da mulher aciganada e lúgubre, da rainha-duende, que em trinta anos substituiria a menina infanta, em quem "o tipo dos Bourbons de Espanha se encontrava em alguns traços..." Somente o benévolo Giedroya declarou que, menos bela que Maria Luiza, não era "desprovida de graças e encantos". Não os reconheceria a duquesa d'Abrantès, que a descreveu muito pequena, claudicando de uma perna, olhos travessos, o nariz arroxeado, demasiadamente desagradável para as lendas de amores que lhe esvoejavam à volta...(19) Nota do Autor

Quando a casaram, completara dez anos. Aliava à esperteza excepcional, à maravilhosa memória, um espírito artístico precoce, uma instrução variada, de idiomas e letras, uma inquietação promissora.

D. Maria I reparara: "Ela é engraçadíssima e viva; e faz tudo como se tivesse outra idade". Tocava com desembaraço e cantava mimosas árias sevilhanas - cantigas que traziam em Aranjuez, à beira do Tejo, a corte enfeitiçada e alegre, achando que as caçadas de Carlos III, os relógios do príncipe das Astúrias e as serenatas de Carlota Joaquina curavam a melancolia à família real. O embaixador, conde de Louriçal, que assinou o pacto

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