A 7 de maio - era em 1785 - chegou a Badajoz a infanta, com o cortejo de aias e camaristas. Saiu-lhe ao encontro o noivo - ia fazer dezoito anos - adstrito ao protocolo, mandado a receber ao meio do caminho a desposada a quem não conhecia, admirá-la, com algumas palavras estudadas, durante cinco minutos, que um escudeiro lhe contava ao lado, e acompanhá-la, a cavalo, com os seus pajens ricamente fardados... Depois, foi o remoinho das festas. De resto, o matrimônio não se consumaria senão três anos depois. A menina infanta, aos dez anos de idade, quase uma criança fisicamente, porém intelectualmente moça perfeita, esperaria pela adolescência em casa da rainha Maria, enquanto D. João utilizaria em Mafra os seus ócios, cantando no coro e caçando nos descampados. Três anos passariam depressa - para ambos, razoavelmente indiferentes, um em relação ao outro, desde que se viram, decepcionados, iludindo-se, na fronteira. Mentirosos retratos! Carlota Joaquina tinha a vivacidade, excessiva, das filhas do povo; Dom João, a corpulência e a frieza dos campinos fartos... Em Vila Viçosa, lindos pavilhões abrigaram a família real e os príncipes. Disse-se que ali - na noite de 9 de junho, - após uma pequena cena oculta, a infanta mordeu a orelha do marido e ainda lhe atirou à fronte um castiçal... A musa brejeira encartou a anedota entre os fatos engraçados do tempo - os régios meninos desavindo-se com escândalo antes de se entenderem - e o padre José Agostinho