"EMBOABAS" E PAULISTAS
O rápido povoamento das Minas Gerais - a notícia de muito ouro achado no Tripuí e no Ribeirão do Carmo - desequilibrou subitamente a economia e a vida espiritual da colônia. Experimentou ela um choque, que lhe enervou todas as manifestações de atividade; sobressaltou-se como se tivesse começado, para o Brasil e Portugal, uma era de inesgotável riqueza; e se preocupou excessivamente com a aventura e o sonho da fortuna fácil.
Formou-se a mentalidade "mineira", em substituição da rotina agrícola do litoral e da mania sertanista de São Paulo. Avolumou-se a imigração - impetuosa, irresistível, heterogênea - para as montanhas centrais. Os proprietários da costa foram compelidos - pelos altos preços que lhes ofereciam - a vender os escravos, que acompanhassem os mineiros: e assim decaiu a produção de açúcar, a gente dos engenhos, em Pernambuco e na Bahia, se ressentiu dum desânimo sem precedentes, e os caminhos múltiplos, que iam ao rio das Velhas, pelo São Francisco, e a Ouro Preto, pela Mantiqueira, se encheram de homens armados, escravatura e muares carregados de ferragens e mercadorias - encarreirados para a mesma febril exploração.
É um período novo de história, que se inaugura. Não mais a guerra ao índio, dos mamalucos, ou a paciente lavoura, do Recôncavo; porém a imitação do que ocorrera no Peru e no México, a invasão, o deslocamento