maciço, a improvisação de arraiais(1) Nota do Autor, a violência e o delírio da procura dos ribeirões auríferos, do esbulho dos incautos, do predomínio dos poderosos - através do vasto território já pequeno para tanto povo. Quatro mil pessoas havia no Caeté por 1697, dissera o governador Artur de Sá e Menezes(2) Nota do Autor. Felipe de Barros Pereira, amanuense do guarda-mor Garcia Rodrigues Paes, em carta de 1705 orçava em cinquenta mil os "mineiros"(3) Nota do Autor. É do ano anterior a estimativa de Antonil: "...dificultosamente se poderá dar conta do número das pessoas, que atualmente lá estão. Contudo os que assitirão nelas nestes últimos anos por largo tempo, e as correrão todas, dizem, que mais de trinta mil almas se occupão, umas em catar, outras em mandar catar nos ribeiros de ouro; e outras em negociar, vendendo e comprando o que se há mister não só para a vida, mas para o regalo, mais que nos portos de mar"(4) Nota do Autor. O choque, portanto, entre a multidão de forasteiros, ávidos de fortuna, e os sertanistas de São Paulo, pouco dispostos a largar os seus descobertos, era inevitável. E foi terrível.
Ao período inorgânico da ocupação das Gerais (1698-1709) se seguiria a pacificação (1710) e a composição municipal (1714), num desenvolvimento prudente de forças disciplinares que, em 1717-20, assumiriam afinal a feição autoritária, própria de duas