Lutas de famílias no Brasil Colonial: introdução ao seu estudo

do fenômeno: a força da organização familial e a fraqueza da organização política.

Equacionado o problema nesses termos, tínhamos de procurar na formação social do Brasil até onde elas se configuraram e de que modo o fizeram, ligando a hipertrofia do poder privado e a atrofia do poder político como condições propícias ao aparecimento, em nosso passado, da vingança privada como modo típico de controle social. Dessa maneira, parece-nos que o fenômeno assim estudado, ao lado do interesse intrínseco que pode apresentar, oferece-se como exemplo e prova, das mais significativas, das condições em que se desenvolveu o poder político no Brasil e por força das quais teve de reviver aqui fases pretéritas de evolução.

Vê-se, então, que a vingança privada, como forma de controle social, surgiu aqui por força de condições específicas que se impuseram, desde que não se pode dizer tenha sido trazida no bojo das instituições transplantadas para a América pelo colonizador europeu; é o que se verifica, aliás, pelos esforços constantes da autoridade pública para ser o único órgão de controle social, formal e indiscutido, órgão de poder que, por definição, é incompatível com qualquer outro que se lhe superponha - jamais permitindo que a vingança privada apresentasse aqui a pureza primitiva de seu funcionamento noutros tempos e lugares.

Seria tarefa demasiadamente extensa estudar, de um só fôlego, o campo virgem e vastíssimo que o assunto oferece à pesquisa. Esse esforço, portanto, é inicial e introdutório, lançando hipóteses de trabalho, bases de partida para desenvolvimentos ulteriores.

Daí, por isso mesmo, termos nós limitado à era colonial. No Império, apesar das mudanças na organização política, que não alteraram nem podiam alterar, abruptamente, o quadro fundamental, foram se ampliando,

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