Joaquim Nabuco e o Pan-Americanismo

sido a primeira grande emoção que o Brasil proporcionara ao mundo. E trazia também um nome de escritor seguro e penetrante, de estilista poderoso, através sobretudo de duas obras que permanecem como pontos altos no panorama da inteligência brasileira: Minha Formação e Um Estadista do Império que, com Os Sertões, de Euclides da Cunha, filiam-se mesmo à classe dos melhores documentos americanos.

Para bem situar este grande artífice da ideia pan-americana é absolutamente indispensável observar tais obras, assim como outras importantes no conjunto de seus escritos, todas elaboradas no decorrer de um decênio de exílio voluntário, destinado a curar feridas da luta gloriosa, porém, áspera e deprimente, em defesa dos escravos contra a força organizada da aristocracia fazendeira. Durante os dez anos que correram entre 1889 e 1899, entre o sacrifício político de se afastar, deixando que a bandeira federalista passasse para as mãos de Rui, e a ideia clarividente de se reconciliar com o República, para continuar trabalhando pelo seu país, Nabuco viveu para os seus livros, para o núcleo famoso da Academia, debruçado sobre os documentos, meditando e escrevendo, chegando, enfim, àquela "temperatura em que a imparcialidade apareceu" (6)Nota do Autor, fazendo-o receber com o silêncio da compreensão os diz-que-diz inflamados de seus detratores. Vendo que, "o que muda não é o barômetro, é o tempo", aceitando, ainda uma vez, uma ideia de Renan ("a fé que se teve nunca deve ser uma cadeia"), ele depois de longa resistência, enrolou a velha fé monarquista na sua "mortalha de púrpura" (7)Nota do Autor e apertou a mão que

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