Ensaio sobre as construções navais indígenas do Brasil

É ela efetuada durante o inverno, época de maus tempos, em que por isso, ou pelo abaixamento da temperatura, ou por outra causa, procuram as baleias aquele enorme seio para viverem e darem à luz o fruto de seus amores.

Em geral saem os baleeiros pela manhã de diferentes pontos barra em fora à procura das baleias, enquanto que outros conservam-se dentro da baía à espera das que entram, ou vão em demanda das que estão dentro.

Em viagem, que sejam, conservam-se todos em seus postos para não perderem muitas ocasiões, em que elas permanecem sossegadas à flor d'água, e as surpreendem.

Elas, segundo dizem eles, bufam três e mais vezes em pequenos intervalos, a que chamam surgidas, nadando na flor d'água, ou um pouco abaixo em direção quase retilínea; mas quando carregam>, que é quando mergulham, e apresentam a cauda fora d'água, tomam em geral outra direção, e às vezes até retrocedem.

A esse movimento folgam eles a escota da vela, e alam o braço de barlavento, o único que tem, e assim conservam-se como que parados a ver onde ela aparece para manobrarem convenientemente em sua perseguição. Quando navegam à bolina, e ela mergulha, e sai a barlavento, pela presteza, que precisam desenvolver, e porque a baleeira cai muito a ré nessa evolução por não ter pé de caverna, e ser morosa a operação de cambar a vela, que é preciso arriar, orçam e passam a escota para vante e a amura para ré. A vela toma uma configuração muito diversa da natural. A esta manobra dão o nome particular de amura terça.

Essa perseguição, que dura às vezes algumas horas, demanda muita constância e atividade, e fatiga demasiado quando a baleia não anda no sentido do vento e a favor; mas em todo o caso sempre reina muita animação e esperança por parte da tripulação, sentimentos estes, que