Ensaio sobre as construções navais indígenas do Brasil

na mesma conformidade perguntavam aos nossos com grande espanto, quem era aquele soldado gentil-homem, que andava armado no tempo do conflito, e saltava intrépido em nossas canoas? Porque a vista deste (diziam) nos meteu terror. E foi a causa de fugirem à do incêndio. Foi tido o caso como milagroso."

Descrevendo um dos ataques à ilha de Villegagnon, assim se exprime Gonsalves de Magalhães, Visconde de Araguaia, no canto 2.° de seu admirável poema A confederação dos Tamoyos:

"— São portuguesas naus — gritaram todos;

Lá tremula a bandeira portuguesa!

Temos hoje combate. Elas que venham,

Que não hão de voltar com o mesmo vento.

E todos para o combate se aprestavam.

"Entretanto as canoas monstruosas,

Cujas asas os ventos enfunavam,

P'ra nós se aproximavam, e nós todos

O combate esperávamos contentes.

"Sobre as águas

Muitos dos inimigos já feridos

Lutavam p'ra subir sobre as canoas,

Aos remos se agarravam, e uns e outros

Seguros mútua guerra se faziam.

Que confusão!Que horror! Que gritaria

Tudo era fogo e fumo, e sangue e raiva!