Ensaio sobre as construções navais indígenas do Brasil

As canoas, do Rio de Janeiro para o sul, muito se parecem, e a maneira de construi-las muito se assemelha.

As províncias de S. Paulo e de Santa Catarina são as que possuem maiores.

Há ainda em Santos algumas, que fazem a pequena cabotagem para Iguape, armadas de uma, duas, e às vezes até de três velas redondas, como as das canoas do Rio.

Como estas figuraram nas lutas daquela época, e mereceram especial menção os seus feitos no canto 8.° do referido poema, na descrição da partida de Aimbire de Ubatuba para S. Vicente afim de tirar do cativeiro sua amante Iguassú.

"Eia! Pra Bertioga! Ao mar canoas;

Não há mais que esperar. Ao mar! Voemos."

Pela areia arrastando ao mar lançaram

Os inteiriços lenhos monstruosos,

Cujos bojos, cavados pelo fogo,

Cinquenta a cem guerreiros abrigavam.

Era belo esse mar todo juncado

De inúmeras canoas equipadas,

Que iam como cardumes de golfinhos

À porfia rompendo as curvas ondas,

Ao som da cantilena dos guerreiros,

Pelo bater dos reinos compassada.