vê-lo melhor, para explicar, especialmente as sequências imediatas de certos pontos capitais tomados como marcos de referência, antevendo, quando possível, o futuro.
Para bem penetrarmos os assuntos americanos, é indispensável ir à Europa medieval, para desde aí desenrolar o novelo dos fatos políticos. O determinismo indiscutível das leis sociais naturais não prescinde das vontades humanas. Nos fatos sociais elas são parte, como o oxigênio é parte no fenômeno fisiológico da respiração. É preciso, pois, que se venha de longe, para, como numa progressão, fixar os elementos que são termos dela, acompanhar-lhe a sequência e ver aonde vai e a que atinge. Se tomamos na mistura termos de outras progressões que não deviam ser consideradas, e com elas pensamos poder prever, erramos na solução do problema como se fôssemos maus alunos de aritmética.
Em que consiste o início do desenrolar do tabuleiro político europeu que nos vai trazer a independência, e dentro dela a luta com a Cisplatina e Buenos Aires?
Enquanto o catolicismo tinha predomínio perfeito em todas as consciências, os monarcas da Europa se entendiam nos assuntos graves de potência a potência, por intermédio do papado. A diplomacia dos reis só foi instituída sistematicamente por Luís XI de França. Havia antes dessa, porém, a diplomacia dos papas; o papado sendo como que o lubrificante universal a estabelecer contatos, relações, negócios; desfazer atritos, favorecer ou desfavorecer partes através de outros interessados. Depois que o poder espiritual tendeu sistematicamente a anular-se, os reis procuraram entender-se diretamente, prescindindo dos elementos papais de conexão.
Enquanto durante a verdadeira Idade Média, o poder temporal residia efetivamente nas mãos dos senhores feudais, e a Europa estava dividida em feudos de extensão relativamente pequena, tudo correu bem. A escuridão