medieval, apesar dos vários pontos em que ela é combatida e ridicularizada, constituiu de fato um período feliz da humanidade. Quando se tem muito que contar é porque se sofre muitas angústias. Veja-se que o período mais historiado da Grécia é também o mais agitado, embora brilhante! É o da invasão. Quem vive sossegado e feliz não tem história, especialmente quando ela diz respeito aos atos, como em geral se faz.
Consequência imediata da ausência de um poder espiritual superior foi a tendência à formação de grandes pátrias.
Os feudos, delimitados ou não por linhas fronteiriças, que não tinham significação efetiva, desapareceram para que essas fronteiras nacionais surgissem definidas. O poder feudal disperso deu lugar ao poder central, pela necessidade de coesão e força material. Os reis eliminaram os feudatários no caso mais comum, europeu, e quando os feudos tiveram vitalidade para sobreviver, formaram uma pátria nova. No primeiro caso esteve a França em que Luís XI lutou contra Carlos, o Temerário; no segundo, a Holanda, que se separou da Espanha.
A paz, objetivo final da vida nas nações, como a felicidade é o objetivo confesso da vicia individual, exigia um meio sistemático para obtê-la, independentemente da vontade dos reis.
Foi Frederico II quem encontrou a fórmula no equilíbrio instável de potência. Ele era representante de uma nação nova, a Prússia, que vinha do século XV, de um simples ducado da Turíngia. Formada a Prússia como ele a imaginara necessária para ser fiel de balança na Europa, o velho continente teve paz, a paz da maturidade e da velhice de Frederico, o Grande, paz que do equilíbrio, estabelecido por ele, provinha.