História da Guerra Cisplatina

Essa paz foi a que durou até o desequilíbrio da Revolução Francesa, desequilíbrio que efetivamente era universal e não local.

A guerra de coligação dos reis contra o povo francês, que eliminava a antiga hierarquia, foi uma reação social da retrogradação contra a anarquia. Ela marca o início das flutuações a que há 150 anos vimos assistindo.

É preciso caracterizar bem o que seja, no sentido positivo, a retrogradação primeiro e a anarquia depois:

Retrogradação, ensinou-nos A. Comte, é a ordem imutável; e Anarquia, a evolução independente de uma ordem qualquer.

Como se vê, a coalizão dos reis contra os revolucionários franceses foi, sem dúvida, reação da ordem retrógrada contra a anarquia. Essa reação, não conseguindo impor imediatamente a sua vontade, pela força, influiu para a formação de ditaduras que terminaram pelo governo armado de Napoleão Bonaparte, cujas vitórias fizeram desejar sobrepor à própria Europa a sua pessoa, dentro da ordem retrógrada antiga, que os reis quiseram ver restabelecida.

Aceita essa situação, a hipertrofia, dentro dos antecedentes sociais da França e da situação moral de Bonaparte, fica explicada. Napoleão impõe à Espanha seu irmão José, e retém Carlos V em Bordeaux. Resolve em seguida eliminar Portugal. D. João VI se transporta para o Brasil, e aqui forma o seu reinado. Fernando VII continua respeitado pelos vice-reis de Buenos Aires até que, em 1810, o congresso de Tucuman declare livres e independentes as Províncias Unidas do Rio da Prata, formadas pelos elementos do antigo Vice-Reinado do mesmo nome, isto é, pela atual Argentina, pelo Alto Peru (Bolívia), pelo Paraguai e pelo Uruguai.

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