CAPÍTULO I
Viagem a Cuiabá: Entre os Bacairis do Rio Novo
Na noite de nove para dez de setembro de 1900 deixei Hamburgo embarcando no vapor "Rio", da Companhia de Viagens a Vapor Hamburgo-Sul-América(1). Nota do Tradutor Fizemos escala em portos espanhóis, a fim de receber alguns emigrantes, demorando-nos um pouco na ilha de São Vicente (Ilhas do Cabo Verde) e, após uma agradável viagem de 30 dias, entramos, afinal, no ancoradouro de Buenos Aires.
A próxima etapa seria a cidade de Corumbá, em Mato Grosso, onde os navios maiores do Lloyd Brasileiro (que fazem viagem mensal a Cuiabá durante o período em que as águas não estão muito baixas) devem ser substituídos por vapores de pequeno calado.
No dia 20, pela manhã, zarpamos de Buenos Aires no nosso ainda considerável "Diamantino". Certamente me eram conhecidas as descrições que K. v. d. Steinen(2) Nota do Tradutor fez em seus dois livros sobre o trecho fluvial que sobe o rio e vai a Cuiabá; entretanto invadiu-me uma onda de impressões pessoais, a que se entregou minha alma de noviço em viagens.
A vida de bordo parecia muito agradável. Embora se encontrassem muitos alemães entre os passageiros, procurei manter-me junto aos brasileiros para, desse modo, aprender as noções de português mais necessárias. Todos faziam o possível para me serem úteis nesse
[Ver ilustração no original - Fig. 1: Baile a bordo do "Diamantino"]