Prefácio
Já são passados quase cinco anos desde que vi realizar-se o meu desejo antigo de empreender uma expedição junto aos indígenas da América do Sul. Os resultados das quatro expedições alemãs ao rio Xingu, que se sucederam, uma após outra, em pequenos intervalos, fizeram-me compreender que as cabeceiras daquele rio constituíam a região mais adequada para um encontro com os filhos das selvas e, seguindo os bons conselhos dos srs. Professores Dr. Karl von den Steinen, Wilhelm von den Steinen, Dr. Ehrenreich e Dr. Herrmann Meyer, pude tentar a longa viagem com recursos relativamente precários. Ao mesmo tempo eu tinha como preciosos auxiliares os dois livros de viagem ,de Karl v. d. Steinen: Durch Zentral-Brasilien e Unter den Naturvoelkern Zentral-Brasiliens, que me serviram de guia durante toda a expedição e também para o preparo deste livro.
Foram-me proporcionados vários privilégios, já no estrangeiro, através da legação diplomática. Outrossim encontrei apoio entre os diversos negociantes alemães domiciliados longe da pátria dos quais posso citar aqui os srs. Letzgus (infelizmente já falecido) em Buenos Aires, Maximo Bier em Corumbá, Goerne e Consul Hesslein em Cuiabá, que aliás me foram recomendados pela firma exportadora Oscar Goetz de Hamburgo, cujos negócios se ramificam pela América do Sul. Não posso deixar de agradecer ainda uma vez a esses senhores por tudo que fizeram em meu benefício. Também me sinto grato aos brasileiros que me acolheram generosamente. Por toda a parte fui alvo da mais franca hospitalidade e seria muito longa a lista de nomes que eu poderia mencionar aqui, pelo que me abstenho sobretudo, por saber que estas linhas jamais chegarão àquelas longínquas paragens. Exprimo, portanto, a todos o meu agradecimento profundo, e de um modo especial ao Presidente do Estado de Mato Grosso, naquela época, Antonio Pedro Alves de Barros, ao seu cunhado Vandérley e bem assim ao "Doto Paiz de Barros", que ocupava interinamente a presidência do Estado.
Ao voltar da minha expedição às cabeceiras xinguenses a Cuiabá, o Ethnologische Hilfskomitee (Comitê de auxílios para estudos etnológicos) pôs à minha disposição a soma de dois mil marcos, o que
