pela superioridade dos missionários no saber e na elevação moral sobre os outros habitantes. Entre jesuítas, franciscanos, beneditinos ou carmelitas, havia homens insignes, possuidores da melhor instrução da época, animados de entusiasmo apostólico só comparável ao dos primeiros mártires do cristianismo. A luta contra a escravidão dos índios, e mais peias antepostas à obra das missões, não os desviava de outra tarefa, que era cuidar da saúde espiritual da população. Política e moral vão juntas, não sendo possível haver boa administração sem moralidade tanto nos administradores como nos administrados. Todos nós temos deveres a cumprir no governo ou fora dele, e prejudicaremos aos outros, quando os esquecemos, pela perturbação que semeamos na coletividade. Não é só quem manda que arca com a responsabilidade da boa função de um sistema político, mas também quem obedece e facilita o trabalho administrativo, ou acode aos governantes em casos de emergência, ou simplesmente deixa de levantar embaraços à gestão pública.
Assistimos no volume anterior ao conflito entre eclesiásticos e povoadores, uns preocupados pela conversão do gentio; os outros sôfregos por remediar a falta de braços, que lhes demorava o enriquecimento. Acompanhamos neste o trabalho dos missionários, através as mais diversas crises de consciência registradas pelo Santo Ofício, que nos faculta perceber o teor dos conselhos e a faina de censores